19 de março de 2020

Mensagem do Caboclo Águia Branca em 16.03.2020:

“Esse momento que a humanidade está vivendo agora pode ser encarado tanto como um portal quanto como um buraco. A decisão de cair no buraco ou atravessar o portal cabe a vocês. Se ficarem  apenas lamentando o problema, consumindo as notícias 24 horas por dia, com a energia baixa, nervosos o tempo todo, com pessimismo, irão cair no buraco. Mas se aproveitarem essa oportunidade para olharem para si, repensarem a vida e a morte, cuidando de si e dos outros, aí estarão atravessando o portal. Cuidem da casa de vocês, cuidem do corpo de vocês. Se conectem ao corpo mediúnico da Casa espiritual de vocês. Se conectem à egrégora da Casa espiritual de vocês. Corpo, casa, corpo mediúnico, casa espiritual, tudo isso é sinônimo, quer dizer a mesma coisa. Quando você está cuidando de um, está cuidando de todo o resto. Não percam a dimensão espiritual dessa crise, tenham o olhar da águia, que lá de cima, vê o todo, enxerga de forma mais ampla. Existe uma demanda social nessa crise, mas existe tambem a demanda espiritual. As duas andam de mãos dadas. Sem a dimensão social, caímos no fanatismo. Mas sem a dimensão espiritual, caímos no pessimismo e na falta de sentido. Vcs foram preparados para atravessar essa crise. Peguem a caixa de ferramenta de vocês e usem todas as ferramentas que vocês têm ao seu dispor. Aprendam sobre resistência com os povos indígenas e africanos: nós sempre fomos e continuamos sendo exterminados. Mas nem por isso paramos de cantar, dançar, fazer fogueira e festa. Não se sintam culpados por estarem alegres durante esse período dificil. Vcs não ajudam em nada ficando tristes e sem energia. Vcs ajudam se emanarem coisas boas para o Universo agora. É através da alegria que se resiste. Além disso, quando a tempestade passar, vocês serão muito importantes na reconstrução desse novo mundo. Vcs precisam estar bem e fortes. E, para isso, não há outro jeito senão se manter uma vibração bonita, alegre e luminosa. Isso não tem nada a ver com alienação. Isso é estratégia de resistência. No xamanismo, existe um rito de passagem chamado busca da visão. Vc fica alguns dias sozinhos na floresta, sem água, sem comida, sem proteção. Quando você atravessa esse portal, você adquire uma visão nova do mundo, por ter enfrentado seus medos, suas dificuldades… É o que  está sendo solicitado a vocês. Que aproveitem esse tempo para realizarem os seus rituais de busca da visão. Que mundo vocês querem construir para vocês? Por hora, é o que vocês podem fazer: serenidade na tempestade. Se acalmem e rezem. Todos os dias. Estabeleçam uma rotina de encontro com o sagrado todos os dias. Emanem coisas boas, o que vocês emanam agora é o mais importante. E cantem, dancem, resistam através da arte, da alegria, da fé e do amor.”

14 de março de 2020


Eu quero um gole de cerveja no seu copo no seu colo 
o meu lugar é onde você quer que ele seja
Não quero o que a cabeça pensa eu quero o que a alma deseja
Arco-íris, anjo rebelde, eu quero o corpo tenho pressa de viver
Mas quando você me amar, me abrace e me beije bem devagar
Que é para eu ter tempo, tempo de me apaixonar
o mundo inteiro está naquela estrada ali em frente
Sim, já é outra viagem e o meu coração selvagem
Tem essa pressa de viver
mas quando a vida nos violentar
Pediremos ao bom Deus que nos ajude
Falaremos para a vida
Vida, pisa devagar meu coração, cuidado é frágil
Meu coração é como vidro, como um beijo de novela
Meu bem, talvez você possa compreender a minha solidão
O meu som, e a minha fúria e essa pressa de viver
E esse jeito de deixar sempre de lado a certeza
E arriscar tudo de novo com paixão
Andar caminho errado pela simples alegria de ser



20 de fevereiro de 2020

Boca

.b.o.c.a.

Boca que se come
Que se grita por socorro
Boca que liberta
os puros sons do prazer
Boca que produz os sons da dor
Boca comunica
Boca silencia
Boca passagem que limita
Separa o dentro e o fora
Boca que beija e ama
Morde e rasga
Dilacera
Violenta
Da boca ao ânus
Territórios de experiência vital
Entre um ser e outro
Vivemos
Morremos
Dança caminhante
com o dentro
E o fora do corpo
Abismo descontinuante
Boca experiência sagrada
Corpo erotismo
vertiginoso fascinante
Boca saudade
Dente língua
Saliva palco
onde se oscila
entre os sentimentos

18 de fevereiro de 2020

Rarefeitas noites minhas
Ao teu lado
Pedaços do meu sonho
Consagrado
.
Tão louco o meu amor
Desmedido
Temperado
Desvairado
.
Você homem
Ainda meu
Amor das tardes
Amor das noites
De vaporosas  manhãs
.
Nas estrelas da tua janela
acampamos nossos ventos
Sorrisos em brisa aberta
Meu sonho
Mais que lindo
Caminhante
No luar
Deserto
.
Oceanos
Tantos banhos
Minhas águas
Vulcões aos prantos
Protegem teu sono
.
Profundo
Tuas águas
Me despertam
Sono meu
.
Já não durmo
Pra te olhar
.
Dormir
Desperdiçar
Preciso ir
.
Te olho
Te cuido
Te cubro
No meu delicado gesto
quase que sagrado
.
Preciso ir
Querendo ficar
Despedaçar
.
Penso em
fechar a janela
Mas, deixo
Despidamente
Aberta
.
Para que o céu
Em sua grandeza
Possa dar
Continuidade
Ao meu doce
e agora vestido sonhar

6 de fevereiro de 2020

Vento sopra
Leve ou forte
Me leva
Eu vou
Não penso
Me deixo
Ir
Sou dos tempos
Dos instantes
Não prevejo
Tão só
Me vejo
Ir
Sopro
Meu Ar
Rápido
Voraz
Meu ventre
Respiro
Solto
Voo
Espero
Meus dias
segundos
primeiros
aindas
Me pergunto
Por que?
tantas coisas?
Se podemos
Somente
Ficar
Na noite
Sentados
E ter
A lua
Para olhar

25 de janeiro de 2020

Vazio

Talvez seja um vazio
Talvez seja um cansaço
Talvez seja um buraco
Talvez um abraço não dado

Um buraco no meio de uma folha
Um espaço que não se preenche jamais

Uma falta das coisas mais simples
Uma falta do que qualquer um poderia ter

E que não tenho
E que eu nunca poderei ter
E que nunca terei


Uma ida juntos ao mar
Fazer tua comida
Cuidar da tua roupa
Te fazer um café da manhã
Te encher de beijos no amanhecer
Encostar o pé no teu pra adormecer
Cuidar da tua roupa
Abrir tua cerveja
Encher teu copo
Abrir a torneira do teu banho
Te abraçar com tua toalha
Puxar o teu lençol
E te cobrir para uma boa noite de sono
E te confortar o sonho

Coisas simples
Tão simples
Simples demais
Simples assim


Uma folha esburacada
Depois que o tempo comeu
Roeu

Tão simples
Somente dormir com vc
E viver com você
A vida simples
De todos os dias

Meus dias
Sem você

Até quando?

Até ontem
Não mais nenhum amanhã
Sou  folha esburacada que não se preenche jamais

2 de janeiro de 2020

Contentamentos: breve pensar dos meus pequenos prazeres



Respirar o vento que sopra as folhas do chão
Olhar os movimentos da tinta diluída
Passar creme no pé bonito
E fazer andar as mãos pela extensão do corpo todo
Cheirar o cangote de quem a gente ama
Pousar o olhar e beijar
Sentir os relampejos dos aceleirinhos de paixão
E trovejar de tanto amar
Se calar no tempo das coisas
Sentir o suave forte cheiro das madeiras
Se perder no céu e tropeçar na rua
Olhar em pausa a queda das folhas das árvores
E o nascer dos frutos após o tempo das flores
Deitar no mato e cheirar a vida
Esquecer de todas as coisas
E quem sabe, encontrar um arco íris
Olhar de perto o sono de um amor
Respirar o sonho desse amor
Escutar o abrir e o fechar de uma porteira
Que range os muitos tempos de todas muitas  histórias
Sentar no chão e descascar laranjas
Observar o movimento de um queijo derretendo
Comer o queijo derretido
Encontrar alguém que também detesta fechar ou abrir os ferros da árvore de natal
Partir e chegar para algum lugar
Todas as formas de suar
Arrancar partes de barro seco do chão rachado
Adormecer com o barulho da chuva na janela aberta
Amanhecer com a fumaça do café
Tocar o orvalho da manhã,
Lentamente ... junto , escorrer
Viver as alegrias e  as dores de um amor
Espelho embaçado do banho quente
Marcas da pele toda
O primeiro gole da cerveja gelada
Olhar as pessoas comendo
Lençol branco balançando no varal
Corpo deitado , abraçado pelo lençol  ainda quente do sol
Travesseiro gelado na cara
Uma casa de madeira no meio do nada
Que se transforma em tudo
Escovar os dentes e comer chocolate
Chocolate amargo com laranja
Suar com o vapor do chá
Suar com a pimenta na boca
Gelado de doer o dente
Quente de tirar a pele
Cheiro da chuva soltando fumaça do asfalto
Enfiar o pé bem devagarinho na areia da praia
Escrever na areia e ver a onda apagar
Olhar um gelo se desfazer
Ver o céu na poça d’água
Respirar o mar
Lamber o mar
Boiar
Descer um morro escorregando com a bunda
Receber o abraço de um cachorro
Vento na cara
Chuva na cara
Beijo nos ombros
Força dos braços que podem ser um
Mastigar mato ou um pedacinho de fita crepe
Beber um coco direto do buraco sem canudo
Abrir o coco , comer o coco e beber no coco novamente
Que de verde passou a ser marrom
Encostar o pé no pé do amor enquanto dorme
Ser desejo no movente de toda uma vida
Arder e se perder de amor
Ainda vontade
Pedala saudade
Meu fogo que move meu ar
desencontrar ... encontrar e ter forças para continuar ...